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sexta-feira, 12 de outubro de 2012

No centenário da coroação

Recebi a ligação de uma amiga de São Paulo que me perguntou: posso colocar o seu nome na lista dos jurados do concurso para a nova coroa da Nossa Senhora Aparecida? Será nos dias 12 e 13 de fevereiro, lá no Santuário Nacional. Assenti imediatamente; seria um evento único, imperdível. Não sou religiosa, mas acredito em anjo da guarda e na existência de Deus. Aprendi que há um porquê o qual me é respondido, muito provavelmente, no devido tempo. Não sou moderninha, fui criada em família e escolas católicas. Entretanto, embora minha avó Susana tenha me ensinado que a Virgem Maria, mãe de Jesus, era a minha madrinha, até aquele encontro com a imagem de Nossa Senhora no Santuário, nós nunca havíamos tido uma aparente ligação.


Do mezanino da catedral a gente fica de frente para o nicho onde a imagem original, retirada do Rio Paraíba do Sul, está disposta. Olhei para aquele símbolo envolto em uma capa azul coroada e não ofereci resistência. Deixei meus preconceitos a respeito de santos e virgens católicas e conversei com aquela mulher. Resolvi fazer o que nunca havia me ocorrido antes: fiz uma promessa de difícil cumprimento. Saí do encontro feliz e, por incrível que pareça, iluminada. Após terminar a escolha da nova coroa, o pequeno grupo foi agraciado com uma réplica autenticada. Já em São Paulo, notei a diferença entre o antes e o depois da minha promessa.
Nossa Senhora da Conceição Aparecida não brincava em serviço, já havia iniciado seu processo de ajuda. De volta ao Rio, decidi ir a pé do Santos Dumont até a estação das barcas. Estava com a mochila nas costas e agarrada ao embrulho precioso. Nada de errado poderia acontecer; meu medo era de danificar a minha Nossa Senhora. Na primeira esquina na saída do aeroporto parou um táxi, sem eu ter chamado, que abriu o vidro do carona e perguntou para onde eu ia. Contei que meu destino era a Praça XV ciente de que ele desistiria. Era muito perto e os táxis do Rio detestam corridas curtas. O sujeito não desistiu e replicou: está muito sol e aqui dentro o ar-refrigerado está ligado; eu levo a senhora até a estação das barcas. Entrei no táxi confiante de que não seria uma furada, tinha a proteção da mãe e nada de mal me aconteceria. El me levou até o ponto mais próximo das barcas, dei uma boa gorjeta e fui contente pegar meu catamarã para Niterói. Aquilo havia sido um pequeno milagre. Quem pega táxi na cidade do Rio de Janeiro entende o que eu disse.
Todas as vezes em que passei pela cidade de Aparecida, dirigindo ou de ônibus pela Dutra, agradeci a Ela por tudo. Em fevereiro de 2011, dirigindo para São Paulo, ao passar pela cúpula majestosa da Catedral, agradeci a Ela todos aqueles anos de promessa cumprida, mas abri mão do nosso compromisso. A alegria passou a ser um fardo pesado e era a hora do encerramento. O rompimento foi cumprido e ao dirigir de volta, chorei pela primeira vez quando passei pelo mesmo ponto.
Continuamos ligadas e sei que Ela vem me presenteando com tudo que preciso.
Hoje é seu dia e homenageio essa mãe, que tenho certeza, trata-me como filha dileta.


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sábado, 6 de outubro de 2012

Meu primeiro James Bond

Fomos em uma sessão à noite do finado Cinema Odeon, no centro de Niterói. Talvez tenha sido a minha primeira vez naquele cinema enorme, de 1.578 lugares. Lembro-me do calçamento de cerâmica vermelha do caminho até a bilheteria. O prédio era recuado; achei lindo e aprovei aquela disposição. Tinha 12 anos e estava feliz: cinema à noite com o meu pai.
Sobre o filme eu apenas sabia ser de um gênero que eu nunca havia assistido, mas ele me dissera: "é um clássico de filme de espionagem, você vai gostar". As primeiras cenas tiraram meu fôlego; o silêncio dos Alpes suíços cortado pelo ranger rápido de um par de esquis. Adorei o início, foi inesquecível essa sensação. Curiosamente, não era Sean Connery o famoso espião desse filme; assistíamos 007 a Serviço (Secreto) de Sua Magestade. Poderia jurar que a tradução do filme naquele cinema não continha o "secreto". Mas eu nem sabia quem era Sean Connery e muito menos havia ouvido falar em James Bond.
Não lembro mais nada do filme além das cenas dos Alpes - assisti novamente na década de noventa e adorei, de novo - e da trilha sonora. Era Louis Armstrong cantando "We have all the time in the world". Não poderia ter sido melhor, o programa era perfeito.
Ontem, foi comemorado o Dia do 007 - James Bond. Festejei os 50 anos do espião mais famoso e charmoso do cinema com essa lembrança de adolescente.


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